sábado, 3 de julho de 2010

Baila de Ilha Fiscal

Baile da Ilha Fiscal
Com a República já nos calcanhares, o Império se divertiu à larga no baile da Ilha Fiscal
O Fim a menos foi Glamuroso

- O Rio de Janeiro parou para ver o desfile de elegância.
Jamais o Rio de Janeiro havia servido de cenário para tanto fausto e cintilância.
No último dia 9, sábado, os salões do Palácio da Ilha Fiscal, na entrada da Baía de Guanabara, inaugurado em abril passado para abrigar o serviço marítimo da Alfândega, foram palco do baile mais extraordinário entre todos os promovidos pelo Império.
Foi também o último, o apagar das luzes da monarquia no Brasil, realizado apenas seis dias antes que as forças republicanas instaurassem no país a nova ordem. O baile foi oferecido pelo então presidente do Conselho de Ministros, Visconde de Ouro Preto, aos oficiais do cruzador chileno Almirante Cochrane, que no dia 11 de outubro chegara ao porto, com 300 tripulantes a bordo, em escala de boa vizinhança. E nada foi poupado para que os convidados, que se calcula terem chegado a 4 500, entre eles, é claro, a Família Imperial, passassem uma noite de sonho e fantasia, revezando-se entre um banquete fenomenal e as contradanças, entre os brindes aos oficiais chilenos e a palestra fina. A festa custou aos cofres públicos cerca de 250 contos de réis, quase 10% do orçamento previsto da Província do Rio de Janeiro para o ano que vem.

Dançou-se muito no baile da Ilha Fiscal, mas o que os convidados não imaginavam, nem o imperador D. Pedro II, é que se dançava sobre um vulcão. À mesma hora em que se acendiam as luzes do palacete para receber os milhares de convidados engalanados, os republicanos reuniam-se no Clube Militar, presididos pelo tenente-coronel Benjamin Constant, para maquinar a queda do Império.
"Mais do que nunca, preciso sejam-me dados plenos poderes para tirar a classe militar de um estado de coisas incompatível com sua honra e sua dignidade", discursou Constant na ocasião, tendo como alvo justamente o Visconde de Ouro Preto.
Longe dali, ao lado da Família Imperial, o visconde desmanchava-se em sorrisos ao comandar seu suntuoso festim.

Passados dez dias de sua realização, o baile da Ilha Fiscal ainda é comentado na cidade, seja nas rodas chiques da Rua do Ouvidor, seja nos bairros. Pela forma como mobilizou não apenas os convidados, mas também toda a população do Rio de Janeiro e por ter marcado o canto do cisne do Império, pode-se prever que ele ficará inscrito na História da cidade e do país. Já no início da tarde daquele sábado, o Rio de Janeiro passou a viver um clima diferente. Acabou mais cedo do que de costume o movimento no centro, à exceção do que se verificava nas lojas de roupas finas, como a Casa Wellimcamp, a Casa Palais Royal e a Mme. Roche. Nelas, fervilhavam as senhoras e senhoritas em busca de suas requintadas toaletes de seda, rendas de Bruxelas, chamalote ou veludo.

Nos alfaiates, o movimento não era menor. Os cavalheiros acorriam em busca de suas casacas feitas especialmente para a ocasião. Os mais ousados faziam os últimos ajustes em seus vestons - essa extravagante indumentária recém-surgida no mundo da moda, composta de vestes compridas e pretas com gola, inteiras de seda. Os festeiros se apressavam também para conseguir dar os últimos retoques no trato pessoal. As filas nos barbeiros eram enormes, e muitos cavalheiros que desejavam apenas fazer a barba tinham que esperar pacientemente até que se fizessem nas melenas dos jovens, a ferro quente, as pastinhas, hoje tão populares entre eles.
"Os ministros escovavam as casacas para o baile dos arrependido, e a Guarda Nacional narcisava ao espelho a bizarria marcial dos seus figurinos para a batalha das contradanças", assim definiu Rui Barbosa os preparativos.
Os cabeleireiros da cidade, estes então, trabalharam a não mais poder. Muitas senhoras, para conseguir vaga num deles, fizeram seus penteados de baile às 9 horas da manhã.

O baile estava marcado para as 8h30, mas desde cedo uma multidão se acotovelava em volta do Cais Pharoux, que dá acesso à ilha, e nas ruas próximas para ver chegarem os convidados. A impressão que se tinha era que boa parte dos 500 000 habitantes com que hoje conta o Rio de Janeiro estava lá. A suntuosidade da festa começava ainda na ponte flutuante montada junto ao cais para o embarque, ornamentada com seis grandes arcos e dois candelabros de gás. Junto a ela, tocava a primeira das seis bandas e orquestras contratadas para animar a festa.

Da ponte, os convivas eram levados até a ilha pela barca Primeira, coberta de tapetes luxuosos e ornamentada com as bandeiras brasileira e chilena. Ainda no cais, o cenário que se erguia das águas da baía era deslumbrante. O Palácio da Ilha Fiscal projetava-se em meio a uma iluminação feérica, feita com 700 lâmpadas elétricas. No alto da torre, um holofote produzia um foco de 60 000 velas, mais da metade da força projetada pela iluminação da Torre Eiffel.

Ao chegar à ilha, os convidados desembarcavam em meio a um bosque. Nas paredes do torreão, um quadro simbolizando a recepção ao navio Almirante Cochrane mostrava ninfas e golfinhos saindo da baía para oferecer ramos de flores aos marinheiros chilenos. Toda a ilha foi ornamentada com bandeiras brasileiras e chilenas, além de 10 000 lanternas venezianas. Seis salões abrigavam as danças. No primeiro deles, as paredes se escondiam sob cachos de flores naturais e palmas. Nos dois maiores, entre tapetes vermelhos, âncoras douradas e prateadas, foram colocados retratos recém-pintados do almirante Cochrane e do almirante Greenfell. Um republicano infiltrado no baile, que dias depois publicou suas impressões na Revista Ilustrada, comenta que a certa altura os salões tornaram-se pequenos para o número de convidados.
"Para conseguir o espaço necessário às danças, o senhor Hasselmann, guarda-mor da alfândega, teve de suar, não só o topete, mas também o colarinho, de tal modo que este perdeu toda a compostura e tomou o aspecto de uma simples tripa enrolada no pescoço".

A ceia foi um capítulo à parte na festa. Foram armadas mesas em forma de ferradura, para 250 talheres cada uma. Nas cabeceiras das mesas, dois enormes pavões empalhados estendiam as caudas multicoloridas. Seguiam-se pratos de peixe e de caça colocados alternadamente e, entre eles, havia enormes castelos de açúcar, em cujos torreões foram colocados bombons. À frente de cada prato havia nove copos de feitios diferentes, três brancos e seis coloridos. Por essas mesas, passou um desfile monumental de iguarias que daria para alimentar um exército. Republicano, naturalmente.

A Família Imperial chegou ao cais pouco antes das 10 horas. D. Pedro II, fardado de almirante, a imperatriz Teresa Cristina e o príncipe D. Pedro Augusto embarcaram primeiro. Quinze minutos depois foi a vez da princesa Isabel e do conde D’Eu. Uma vez no palácio, foram conduzidos a um salão em separado, onde já se achavam reunidos membros do corpo diplomático estrangeiro oficiais e alguns eleitos da sociedade carioca, o imperador que estava muito abatido pela diabetes, ficou a mercê.
O guarda-roupa da imperatriz não chegou a causar impressão especial entre os convidados - um vestido de renda de chantilly preta, guarnecido de vidrilhos.
A toalete da princesa Isabel, no entanto, causou exclamações de admiração pelo luxo e pela beleza. Ela portava uma roupa de moiré preta listada, tendo na frente um corpinho alto bordado a ouro. Nos cabelos, carregava um diadema de brilhantes.

O grande baile do visconde de Ouro Preto estava marcado inicialmente para o dia 18 de outubro. No dia 14, porém, chegou ao Rio a notícia de que D. Luiz I, rei de Portugal, estava à morte, o que efetivamente ocorreu cinco dias depois. Mesmo envolta em luto, a corte decidiu manter a festa e adiá-la para este mês. Para o visconde de Ouro Preto - embora ele tivesse confiança na firmeza do poder monárquico brasileiro - o baile serviria para rebater a disseminação das idéias republicanas com um acontecimento inesquecível, uma marca da solidez do Império.

Tudo foi montado para atingir esse objetivo, e o Rio de Janeiro parou para participar da festa ou apenas assistí-la. O ministro chileno, Manoel Villamil Blanco, e o comandante Banem, do Almirante Cochrane, levantaram vivas e moções de solidariedade ao governo brasileiro e ao imperador. Pelos salões desfilou a fina flor da aristocracia, da oficialidade e da sociedade cariocas. Para se ter uma idéia da animação do evento, basta ver a lista, recentemente divulgada, dos despojos encontrados nos salões na manhã do domingo.
A lista inclui, por exemplo: oito raminhos de corpete, três coletes de senhora, dezessete ligas, dezesseis chapéus, nove dragonas, treze lenços de seda, nove de linho e quinze de cambraia.
Sabe-se lá o que essas moças estavam fazendo quando perderam as ligas. Coisa muita séria não era.

Mal sabiam o visconde de Ouro Preto, o imperador e os convidados ilustres que o baile, em vez de pavimentar a suposta solidez do Império, marcaria o seu último suspiro. É bem verdade que, na corrida aos cofres públicos para organizar festas suntuosas para os oficiais chilenos, Ouro Preto e as hostes monárquicas não estiveram sozinhos. Sabe-se de pelo menos um caso de corporação do Exército - a da Fortaleza de São João - que, não desejando ficar atrás da Marinha nas homenagens aos oficiais do Almirante Cochrane, pediu e obteve verbas do governo imperial para organizar seu ágape.
“O tenente-coronel Leite de Castro me escreveu pedindo 1 conto de réis e eu o atendi prontamente" , diz o visconde”.

É possível que o próprio imperador, em seu exílio, esteja à essa hora se arrependendo de ter atravessado a Baía de Guanabara rumo à Ilha Fiscal naquela noite faustosa e fatídica. Desde que, na juventude, granjeou fama como um autêntico pé-de-valsa, e do tipo galanteador, D. Pedro nunca mais demonstrou prazer em participar de grandes bailes oficiais e sequer tomou a iniciativa de promovê-los.
Numa monarquia, por tradição, é o monarca e sua família que dão o tom da vida social da corte. Se dependesse dele, o tom dos salões cariocas teria sido pálido.

Coube aos grandes anfitriões da cidade, como o barão de Cotegipe e a Mme. Haritoff, movimentarem a sociedade durante o Império, com suas festas inesquecíveis.
A princesa Isabel e o conde D'Eu reagiram a essa frieza social de D. Pedro, organizando reuniões animadas no Paço de Petrópolis e no Paço Isabel.
Nada disso, porém, encontrava eco no Paço de São Cristóvão.
Com o baile da Ilha Fiscal, organizou-se a mais suntuosa das festas para marcar a derrocada de um imperador que detestava festas suntuosas.
Certamente, ele poderia ter partido para o exílio sem carregar na bagagem as marcas dessa idéia luminosa do visconde de Ouro Preto.

O Problema do Poder
Mesmo assim a República foi proclamada e o Sr. Deodoro da Fonseca, agora presidente da República, decreta o salário do presidente para 120 contos de réis o dobro que era dado a toda Família Imperial, e 50% do custo do Baile da Ilha Fiscal que meses antes tinham tanto combatido.
Mas claro, tudo era só desculpa, eles queriam era o Poder, de fazer o que queriam, ter poder como o Imperador.
A República foi proclamada para tirar o imperador que diziam um absolutista para colocar um civil de pior envergadura e ditadores.
A República foi proclamada e todos os direitos individuais foram suspensos, e as imagens da Monarquia apagadas, e depois novamente concedidos, argumentando que seriam conquistas republicanas, tudo fraude.
Tudo se ajeita com o tempo, mas não como proclamaram.
Tiramos uma tradição, estável, digna, para colocar auto-ditadores no lugar.
Não proclamaram outros sistemas, para trocarem os republicanos que estavam, pois na época não havia outros sistemas políticos no mercado.

VEJA, Sociedade, 20 de novembro de 1889

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Faltam os Personagens

Estamos Orfãos 

No dia 19 de novembro de 2009, na França, nasceu Gaston, o filho do Duque e da Duquesa de Vendôme. 
Jean d’Orleans, Duque de Vendôme, pai do recém nascido, é filho e herdeiro de Henri, Conde de Paris e Chefe da Casa Real de França. Por conseqüência, o Duque é neto de Isabel, Condessa de Paris, nascida Princesa de Orleans e Bragança, por isso tetraneto da Princesa Dona Isabel do Brasil, esta casada com Louis Phillipe Marie Ferdinand GASTON d'Orléans, Príncipe francês, Conde D’Eu.

Segue breve árvore genealógica do Príncipe Jean d’Orleans, com relação a sua proximidade à Família Imperial Brasileira:
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Dom Pedro I do Brasil e IV de Portugal.
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Dom Pedro II do Brasil
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Dona Isabel, Princesa Imperial do Brasil e o Conde D'Eu, nascido Príncipe francês
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Dom Pedro de Alcantâra, Príncipe de Orleans e Bragança
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Henri, Conde de Paris e Chefe da Casa Real de França e Isabel, Condessa de Paris
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Henri, atual Conde de Paris e Chefe da Casa Real de França
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Jean, Duque de Vendôme, Herdeiro do Trono de França
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O Príncipe Jean esteve recentemente no Brasil (outubro de 2009), estando presente ao casamento da Princesa Dona Isabel com o Conde Alexander de Stolberg-Stolberg.
O pequeno Príncipe, récem nascido, recebeu o título de Sua Alteza Real o Príncipe Gaston de França

DOMINGO, 15 DE NOVEMBRO DE 2009

"A república: veja que símbolo mais verdadeiro: uma mulher seminua que se oferece para todos como uma prostituta. Os seios nus simboliza que a república é para os que gostam de mamata. A tocha sobre o livro significa que ela queima a lei. A república caminhando acima do povo significa que ela passa por cima de todos!".

Passados então, 120 anos de república (a que particularmente chamamos: RÉ-PÚBLICA), 120 anos de um golpe forçado, sem apoio popular, incoerente, fútil, desorganizado e sem explicações convincentes, temos a disposição a história brasileira pós-monarquia: 12 Estados de sítio, 17 atos institucionais, 6 dissoluções do Congresso, 19 rebeliões, 2 renúncias presidenciais, 3 presidentes impedidos de tomar posse, 4 presidentes depostos, 7 Constituições diferentes, 2 longos períodos ditatoriais, 9 governos autoritários... Uma instabilidade política, social, econômica, jamais vista em nosso país. Esses são os 120 anos de república no Brasil. 

Em 1889, num ato puramente impensado e rancoroso, “proclamação da república no Brasil”, abrimos mão de um regime e de um homem público admirados mundialmente, abrimos mão da Monarquia e de Dom Pedro II. Sobre isso o deputado federal Antonio Henrique da Cunha Bueno, fez publicar em 1991, uma “contribuição para o centenário da morte do Imperador Dom Pedro II”, é um livro intitulado:
 A Morte no Exílio, que ajuda a compreender a dimensão do que se perdeu em 1889, com o fim da Monarquia, onde se tem como pontos principais o que

O falecimento
À noite de 5 de dezembro de 1891 falecia no exílio, na capital francesa, o deposto Imperador Dom Pedro II. Sua morte ocorria no modesto Hotel Bedford, que era o que suas posses permitiam. Duas vezes recusara indenizações do governo republicano: ao ser proclamada a república e quando a primeira Assembléia Constituinte de 1891 votou uma pensão equivalente ao ordenado do próprio presidente da república. Sobre a oferta do Governo Provisório, e depois de recusá-la, solicitando que se tornasse pública sua recusa, comentou “Não sei com que autoridade esses senhores dispõem dos dinheiros públicos”. Pedro II ia viver de suas escassas poupanças (durante os 49 anos de reinado Pedro II sempre recusara aumento de sua dotação anual, embora o orçamento do Império tenha se manipulado algumas vezes, sem inflação e sem desvalorização da moeda-padrão da época que se mantinha paritária à Libra Esterlina, empregando ainda boa parte dela no patrocínio de bolsas para jovens brasileiros promissores). No exílio continuou a ser o que sempre foi – um padrão de moralidade, de vida pública e particular inatacável, sempre primado pela honradez e compostura. Obrigado a viver fora do país, amealhou o mínimo possível para viver com dignidade. A Imperatriz Teresa Cristina já tinha falecido em Portugal, ao serem expulsos do Brasil. A Princesa Isabel e filhos iam ficar por conta do Conde D’Eu, possuidor de algum patrimônio no seu país de origem. 
O Imperador fizera questão de levar consigo somente um travesseiro com terra do Brasil, para repousar sua cabeça quando do último suspiro. Alguns amigos dedicados, inclusive o engenheiro André Rebouças, o grande abolicionista, haviam feito questão de acompanhar a Família Imperial ao exílio. Rebouças, quando da morte de Dom Pedro II, recusou-se a voltar ao Brasil, dizendo que o desaparecimento do Imperador representara o termino das possibilidades de alguém da sua cor – negra – vir a ser personalidade exponencial no país. No exílio, Dom Pedro II não gastou o tempo em mundanismos, nem a freqüentar saraus e recitais – dedicou seu tempo final ao Instituto Pasteur e à Academia Francesa, convivendo com sábios do porte de Pasteur. 
[...]
A desmoralização republicana 

Foi esse estadista, Dom Pedro II – louvado por escritores de porte internacional do grande poeta internacional de porte internacional do grande poeta francês Victor Hugo e por cientistas de renome mundial como o norte-americano Graham Bell, inventor do telefone – que os republicanos, jacobinistas, positivistas e militares, expulsaram. Com isso acabaram com a mais longa e fecunda experiência parlamentarista brasileira, o parlamentarismo monárquico. 
Muita gente gosta de citar textos de Rui Barbosa – “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto verem agitarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Mas pouca gente completa estas frases coma s seguintes expressões do mesmo discurso de Rui no Senado Federal em dezembro de 1914: “Essa foi a obra de república nos últimos anos. No outro regímen (a Monarquia), o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre – as carreiras políticas lhe estavam fechadas”. 
Quem era o guardião da honradez pública, contra a corrupção que ia avassalar a república até os escândalos de hoje? 
Rui Barbosa, arrependido, mais uma vez, de ter contribuído para a deposição do Imperador, reconhece finalmente: “Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade gerais. Era o Imperador Dom Pedro II”. 
Após a derrubada do Monarca: “Na república todos os grupos se alhearam do movimento dos partidos, da ação dos Governos, da prática das instituições. Contentamo-nos hoje com as formulas e aparência, porque estas mesmo vão se dissipando pouco a pouco, delas quase nada nos restando”. 
“Apenas temos nomes, apenas temos reminiscência, apenas temos fantasmagoria de uma coisa que existiu, de uma coisa que se deseja ver ressurgida, mas que, na realidade, se foi inteiramente.” 
“E nessa destruição geral das nossas instituições, a maior de todas as ruínas, Senhores, e a ruína da justiça, colaborada pela ação dos homens públicos, pelo interesse dos nossos partidos, pela influência constante dos nossos Governos. E nesse esboroamento da justiça, a mais grave de todas ruínas é a falta de penalidade aos criminosos confessos, é a falta de punição quando se aponta um crime que envolva um nome poderoso, apontado, indicado, que todos conhecem, mas que ninguém tem coragem de apontá-lo à opinião pública, de modo que a justiça possa exercer a sua ação saneadora e benfazeja.” 
Rui continua atualíssimo...
A justiça da história 

Mas homem ponderado e sábio, que era Dom Pedro II, previu um futuro em que a Monarquia podia voltar. Isso aconteceu quando alguns amigos visitaram, em Paris, em 1890, e lhe deram conta de que a república estava recebendo muitas adesões. Com voz branda, Dom Pedro II observou: “Isso que ora se dá em nossa Pátria, sempre se deu e se há de dar em todos os séculos e em todas as nações. Que sol nascente deixou jamais de produzir calor e movimento? Deve-se julgar os homens pelo que eles são realmente, e não pelo que desejamos pó sonhamos que sejam. Feliz a consciência onde a recordação de todos os atos de um simples dia, calmo e normal, não projetar alguma sombra de dúvida! O novo regime surgiu revestido de aparato, apoiado na força pública, rico de recursos que lhe deixemos, fértil em esperanças e valiosa promessas. O modo inopinado como a mudança se efetuou, feriu as imaginações, atribui-lhe foros de maravilhoso. Daí o magnetismo que ele exerce, perfeitamente explicável. Lamentamos apenas a ilusão em que se acham, e meditemos sobre a contingência das situações humanas. Virá em seguida o arrependimento. Se a monarquia voltar, de adesões não há de sentir falta, e igualmente espontâneas, com idêntico entusiasmo e verdade.” 
Morto no exílio, Dom Pedro II tinha plena consciência de haver sido fiel à sua missão, como se vê nos versos de sua autoria: 
“Não maldigo o rigor da iníqua sorte,/por mais atroz que seja e sem piedade,/arrancando-me o Trono e a majestade,/quando a dois passos só estou da morte. 
É ver da mão fugir, à extrema hora,/a mesma boca lisonjeira e ingrata/ que tantos beijos nela pôs outrora! 
E entre visões de paz, de luz, de glória,/sereno aguardarei no meu jazigo/ a justiça de Deus na voz da História!”
 

Como se vê nas colocações anteriormente citadas, até mesmo os republicanos convictos, como Rui Barbosa, que serviu de célebre intelectual ao movimento republicano, arrependeu-se dos feitos realizados na fatídica data, que hoje completa 120 anos. Nem mesmo Deodoro da Fonseca pretendia depor o Imperador, a quem admirava muito. Fomos vítimas, enquanto cidadãos, de um golpe mal organizado, sujo e perverso, que desde o início se apoiou em esquemas nebulosos e mesquinhos, sem nenhum compromisso com o país e muitos menos com seu povo. Não fomos vítima de um idealismo frenético e ativo, mas sim da inveja, da revolta e da trapaça de poucos. Os motivos todos já sabem.
 

José Pedro Galvão de Souza, em seu livro
 Raízes históricas da crise política no Brasil. Editora Vozes, Petrópolis – 1965, no capítulo 1 – O apriorismo político no Brasil, na página 16 e 17, diz: “Os propagandistas da República não nos deixaram uma só obra em que tivessem justificado de forma convincente, à vista da situação do país, as vantagens de uma alteração na forma de governo. Rui Barbosa, batendo-se pela Federação, reclamava-a “com ou sem Coroa”, deslocando a questão da forma de governo para a da forma de Estado, quando na verdade a mudança desta não era incompatível com a manutenção daquela.” 

Fica a pergunta: Por que fomos vítima deste golpe?
 

Depois desta semana de postagens sobre os 120 anos de república no Brasil, depois de lermos os mais diversos autores, senhores das palavras, intelectuais do assunto e especialistas na matéria, fica-nos ainda o desconhecimento do motivo deste ato de 1889. Os referidos textos dão conta da superficial e grosseira atuação do “movimento republicano”, porem não nos traz a ideologia (que ao menos deveria estar presente na ação dos revoltosos), capaz de romper com um regime tão antigo e sólido como a monarquia no Brasil. Talvez não traga a ideologia, porque ela nunca tenha existindo! A república no Brasil foi apenas um capricho. Servimos, então, de cobaia para os que sonhavam com um regime importado, com aspirações a Revolução Francesa. Fomos cobaia para aqueles que achavam que não poderíamos ser exceção na América, para aqueles que achavam que teríamos que passar por regimes opressores como o da América espanhola, ou ainda sermos tal qual os Estados Unidos, com uma Constituição que não condizia com nossa realidade. Enfim, fomos cobaia daqueles que admiravam os países do exterior, mas nunca admiraram o Brasil.
 

Empurrados para o exílio, o Imperador e a Família Imperial foram, primeiramente, para Portugal, onde a primeira vítima dos republicanos se fez: a Imperatriz Dona Teresa Cristina, falecida na cidade do Porto, em 28 de dezembro de 1889. O povo brasileiro havia ficado órfão... Uma mãe ao deixar seus filhos, deixa um pouco de si, assim foi com a Imperatriz ao morrer no exílio. Mais tarde foi-se o Imperador, a 5 de dezembro de 1891, tendo na república francesa de então, funeral de Chefe de Estado. Assim era Dom Pedro II, admirado até mesmo pelos republicanos estrangeiros.
Funeral de Dom Pedro II, em Paris.

Dona Isabel e o Conde D’Eu, seu marido, foram com as crianças e reduzido grupo de amigos, morar em Eu. Lá o Conde, nascido Príncipe francês, foi morar com a Família no Castelo D’Eu. Com a morte de Dom Pedro II, ascendeu a Chefia da Casa Imperial do Brasil, Dona Isabel, sua filha e Regente do Império. Dona Isabel, em 1888, foi responsável no Brasil, pela libertação dos escravos. Ocasião em que, vale lembrar, recebeu críticas, o ódio e o desprezo de políticos, sobretudo os aristocratas, como o Barão de Cotegipe, que disse à Princesa: “Vossa Alteza libertou uma raça, mas perdeu o trono”. Ao que imediatamente, Dona Isabel respondeu: "Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil". Em Eu ou em Paris, Dona Isabel fazia de sua residência um abrigo aos brasileiros, recebia-os com toda simplicidade que tinha no Brasil. 

Dona Isabel e o Conde D'Eu
Dona Isabel teve 4 filhos: Dona Luiza Vitória, Dom Pedro de Alcântara, Dom Luiz Maria e Dom Antonio Gastão. Dona Luiza Vitória natimorta, Dom Pedro de Alcântara renunciou a seus eventuais direitos ao Trono do Brasil, Dom Luiz, Príncipe Imperial do Brasil e Dom Antonio, faleceu muito jovem, então com 28 anos. 
Dona Isabel mantinha freqüente contanto com os brasileiros na Europa, mas não só. Ela manteve durante toda sua vida no exílio, correspondências com antigos monarquistas e abolicionistas. Dom Luiz, o herdeiro, manteve-se da mesma forma. Da França mesmo, publicou Manifestos e pronunciamentos ao Povo do Brasil. A vontade da Família Imperial pela volta à nação brasileira, bem como o apego a nossa terra e por conseqüência a restauração da monarquia e o retorno da ética política, é visível na carta de Dom Luiz a Martin Francisco de Andrada:
 

[…]"quanto me custa ficar aqui, de braços cruzados, quando penso que um punhado de homens decididos bastaria para arrancar a Pátria das garras dos aventureiros que a exploram."
 "Ainda não sei qual será a sua atitude na questão das candidaturas. Quanto a mim, julgo ambos os candidatos 'indesejados'; mas a ter de optar, optaria pelo Rui [Barbosa], cujos partidários representam o elemento mais são e de maior prestígio no país. Parece-me mesmo que poderíamos aproveitar o momento para um acordo com os próceres desse grupo, a fim de conseguirmos um esforço comum pela restauração, logo após as eleições presidenciais. Que lhe parece?" 
Dom Luiz e Família, acompanhados de Dona Isabel e o Conde D'Eu.

Dom Luiz faleceu em 26 de março de 1920, vítima da I Guerra Mundial e de sua heróica atuação. Dona Isabel, sentida de tudo que lhe havia acontecido, não tardou em deixar-nos. Morreu em 14 de novembro de 1921. O herdeiro do Trono do Império do Brasil no exílio, era então, Dom Pedro Henrique, filho de Dom Luiz, neto da Redentora, bisneto de Dom Pedro II, então com 12 anos.
Dom Pedro Henrique, herdeiro dos Imperadores do Brasil

Dom Pedro Henrique, recebeu o apoio do tio, Dom Pedro de Alcântara, e tinha sua mãe como responsável. Da Europa, comunicavam-se com os monarquistas brasileiros, até que em 1945, findada a II Guerra Mundial e os transtornos causados por esta, veio ao Brasil com sua esposa a Princesa Dona Maria, nascida Princesa da Baviera, vinham do Velho Mundo, com 4 de seus 12 filhos. No Brasil, Dom Pedro Henrique fundou a Ação Patrionovista, com vistas a restauração da Monarquia. Dom Pedro Henrique faleceu em Vassouras em 1989, deixando como herdeiro o atual Chefe da Casa Imperial do Brasil, Dom Luiz de Orleans e Bragança.
Dom Pedro Henrique e Dona Maria ao centro, rodeados pelos filhos

Dom Luiz, o atual herdeiro e Chefe da Casa Imperial, vive em São Paulo, mas viaja o Brasil e o mundo com palestras e conferencias, numa atividade incessante para demonstrar os benefícios de uma monarquia moderna, constitucional e parlamentarista. Em recente manifesto (que aqui já transcrevemos), de 13 de setembro de 2009, reafirma sua posição como “de jure” Imperador e defende o povo brasileiro das garras da república brasileira: “Não é minha intenção debruçar-me aqui sobre os inúmeros desmandos do regime republicano, que estão à vista de todos, e que não fazem senão ressaltar a inorganicidade de um regime político que, pela violência abrupta, veio truncar essa continuidade benéfica [da monarquia]. Desmandos esses que levam a opinião pública a não ver na classe política a expressão autêntica do que o Brasil pensa e quer.”
Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil
A quem acha a monarquia um sistema antiquado, arcaico e em desuso, citemos os clássicos exemplos da Espanha, que após o totalitarismo de Francisco Franco, em 1975, com o apoio popular, voltou a ser Monarquia. A Noruega em 1905, mesmo sem ter Família Real, optou pela Monarquia. O Reino Unido da Grã-Bretanha, potência mundial, nunca conheceu outra forma de governo, a não ser a Monarquia. Bélgica, Dinamarca, Holanda, Canadá, Austrália, e muitos outros países do mundo continuam como Monarquias. Por que Japão, Liechtenstein e Luxemburgo aparecem sempre na dianteira dos países mais ricos do mundo? Por uma simples razão, TODOS ELES SÃO MONARQUIAS.


Ao findar da explanação sobre os 120 anos da república no Brasil, digo-lhes que não é por acaso que um sem-número de pessoas vem se agregando a Causa Monárquica. O que para uma minoria desinformada e conivente com os atos da república, é motivo de graça, para nós é uma saída, uma “tábua de salvação”. A quem ri de nossa Causa, achando-a infundada e retrograda, dizemos que para mudar o que não está bom, não podendo ficar parados, só restou à ação!
Já dizia João Pedro Galvão de Souza: “O ideal republicano, acalentado prazerosamente por acadêmicos e cadetes, teria desde logo uma realização cheia de amarguras. E vimos então que, depois das primeiras decepções, ou ao termo de muitas provas e vãs tentativas para depurá-lo, os idealistas da primeira hora, os republicanos históricos, acabavam por confessar: - “Não era esta República dos meus sonhos!”


A Monarquia é um sistema de governo para o povo e pelo povo, onde o governante, preparado para assumir o poder, nunca irá usar da tirania e seu governo não resultará na inobservância das leis e da Carta Magna do país. Numa Monarquia não há ditaduras e rompantes pessoais do Chefe de Estado, pois este fora criado desde sua tenra idade para assumir o posto que lhe cabe.
A Monarquia Constitucional e Parlamentar é símbolo da Democracia, a mesma Democracia tão sonhada para o Brasil, mas jamais alcançada em 120 anos de república.
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sábado, 19 de junho de 2010

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Resgatar a memória imperial para impulsionar o setor turístico será a próxima meta da Comissão de Turismo da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. A decisão foi tomada nesta sexta-feira (13/11/2010), em audiência da comissão no Palácio Tiradentes, após a explanação do professor Gastão Reis Pereira. Professor do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro por 10 anos, ele ressaltou a importância do período monárquico para o Brasil. O presidente da comissão, deputado João Pedro (DEM), disse que o primeiro passo será utilizar o Museu da Quinta da Boa Vista para recontar a história da monarquia no Rio de Janeiro. “Ter o Museu da Quinta entregue ao Museu Histórico Nacional é um equívoco histórico que precisa ser resgatado. A Sala do Trono que ficava lá, por exemplo, foi transferido para o Museu Imperial de Petrópolis, que nunca foi um lugar com salas de audiência oficiais, e sim um lugar de descanso para a família imperial”, afirmou o parlamentar. Gastão Reis chamou atenção para a falta de informação da sociedade quando o assunto é monarquia. “O ideal é que o estado formasse cartilhas de qualidade mostrando o que foi a monarquia e sua enorme contribuição ao País e as distribuísse a pessoas de todas as idades”, sugeriu. O estudante de Pedagogia Leandro Pereira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que é a favor do movimento monarquista, disse que poucos professores chamam atenção, em suas aulas, para a fase monárquica. “As universidades poderiam incentivar mais a pesquisa a respeito do período imperial, e não só do republicano. Além do mais, poderiam ajudar em projetos de revitalização de pontos históricos que estão abandonados, como a Igreja do Rosário e o Convento do Carmo”, exemplificou. O democrata disse que irá aglutinar todos esses interesses que, atualmente, estão difusos para exercer pressão política. “Vou cobrar para que estes erros históricos sejam sanados e transformar estes elementos, que estão esquecidos, em grandes atrativos para o turismo. Estes locais podem ser ferramentas de desenvolvimento econômico inexoráveis, pois todos procuram destinos turísticos que retratem épocas diferentes de sua realidade”, defendeu. João Pedro também destacará uma parte do orçamento do estado para 2009, para a reativação da Estrada de Ferro Príncipe do Grão Pará.
“Ter a possibilidade de chegar a Petrópolis por uma estrada de ferro em apenas uma hora e 20 minutos vai atrair turistas para a cidade. Minha meta é que aumente em 50% o fluxo turístico no local”, declarou.
A chanceler do Círculo Monárquico do Rio, Leda Machado, também esteve presente no encontro.
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O Duque e a Duquesa de Vendôme em compras para o filho

No dia 19 de novembro de 2009, na França, nasceu Gaston, o filho do Duque e da Duquesa de Vendôme.


Jean d’Orleans, Duque de Vendôme, pai do recém nascido, é filho e herdeiro de Henri, Conde de Paris e Chefe da Casa Real de França. Por conseqüência, o Duque é neto de Isabel, Condessa de Paris, nascida Princesa de Orleans e Bragança, por isso tetraneto da Princesa Dona Isabel do Brasil, esta casada com Louis Phillipe Marie Ferdinand GASTON d'Orléans, Príncipe francês, Conde D’Eu.

- Segue breve árvore genealógica do Príncipe Jean d’Orleans, com relação a sua proximidade à Família Imperial Brasileira:
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Dom Pedro I do Brasil e IV de Portugal.
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Dom Pedro II do Brasil
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Dona Isabel, Princesa Imperial do Brasil e o Conde D'Eu, nascido Príncipe francês
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Dom Pedro de Alcantâra, Príncipe de Orleans e Bragança
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Henri, Conde de Paris e Chefe da Casa Real de França e Isabel, Condessa de Paris
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Henri, atual Conde de Paris e Chefe da Casa Real de França
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Jean, Duque de Vendôme, Herdeiro do Trono de França
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O Príncipe Jean esteve recentemente no Brasil (outubro de 2009), estando presente ao casamento da Princesa Dona Isabel com o Conde Alexander de Stolberg-Stolberg.
O pequeno Príncipe, recem nascido, recebeu o título de Sua Alteza Real o Príncipe Gaston de França.
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120 Anos de República
"Símbolo da República"
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Passados 120 anos de República, 120 anos de um golpe forçado, sem apoio popular, incoerente, fútil, desorganizado e sem explicações convincentes, temos a disposição a história brasileira pós-monarquia:
12 Estados de sítio,
17 atos institucionais,
6 dissoluções do Congresso,
19 rebeliões,
2 renúncias presidenciais,
3 presidentes impedidos de tomar posse,
4 presidentes depostos,
7 Constituições diferentes,
2 longos períodos ditatoriais,
9 governos autoritários...

Uma instabilidade política, social, econômica, jamais vista em nosso país. Esses são os 120 anos de república no Brasil.

Em 1889, num ato puramente impensado e rancoroso, com a “Proclamação da República no Brasil”, abrimos mão de um regime e de um homem público admirado mundialmente, a Monarquia e de Dom Pedro II